Boas-Vindas!

A janela tá aberta, a casa é sua, pode morar.

domingo, 30 de outubro de 2011

Darbuka





Pr'aquele que cresceu no espetáculo
Que aprendeu que deve-se sempre mentir a morte
Numa procura constante pelo êxtase
(Mas não a transcendência, sim o êxtase de papel)´
Torna-se estranho o que é de fato o mais comum
O caminho do meio, o sertão nosso de cada dia
A calma vazia de uma tarde sem palavras
O olhar vago, ensimesmado no silêncio da carne
Deixar-se estar, sem ser triste nem alegre
Silêncio, deixem-nos dormir!
Amanhã já chega a hora e ambos recomeçam a dança

Na batida de um tambor
Na partida de um amor
Ainda havemos de contorcer o semblante
Pois, ainda que na ponta d'um espinho,
Encontrou-se o equilíbrio por um instante

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

AVANTE ESPARTANOS!

Grossas gotas rolam pelo vidro frio
A inocência, se ainda houvesse,
traria agora alguma lágrima
Numa hora dessas
num mundo como o nosso
SOLITÁRIO
Mas também o choro se cansa
Tudo cansa, menos a violência
Lá fora chove sangue
É hora de abrir as portas
E acolher a guerra nas vísceras
Que o diabo trema ao sentir meu amor ao contrário
FELICIDADE É UM BOM PRATO DE VINGANÇA
De hoje em diante, meu sorriso é meu punhal!

terça-feira, 21 de junho de 2011

US

To be together towards a dream
Touching tomorrow chasing a flame
Gipsy jewels down the stream
Jokers jiving with the dead
Devilish dances through the night
Everybody is fighting
Blind warriors in the dark
Everybody is writing
Dark poems run in their veins
And so the laughters shine
Oh God What a mistery in their smile
Sand sculptures in the rain
Fighting fiercely with their flame
Knowing that one night down the stream
They'll walk together in their dream

domingo, 5 de junho de 2011

De manhã

Dançam em meu verso
Palavras afeiadas e enternecidas
Da tanta espuma do muito mar
Revolvem sempre e no mesmo lugar

Vede! Estão molhadas elas
Desfilam-se sob a chuva da manhã
Lamentosas de toda sua sensualidade
Pois que brotam, mas não entendem
Dos mistérios da fertilidade

RECIFE, 13/09/10


O dia em que esquecerei meu nome
Vou gritar impropérios nas repartições
Vou jogar dinheiro pro alto pelas praças
Vou indo vou indo vou indo... lindo

Um dia eu acordo sem nome
Serei mais sincero que uma árvore
Serei mais simples que uma estrela, só luz
Serei puro puro puro, sem nada a dizer sobre espelhos

Outro dia (que sorte!) perdi meu nome
Perdi, fiquei sem legado, sem crimes, pelado
Perdi a vergonha, as pessoas na rua debalde me chamavam
Estava solto, suspenso, vazio&livre livre livre&sagrado

Mas amanhã fatalmente voltarei a dormir e de repente
Me chamarei Antônio e Lurdes e Lázaro
Um torrão de sal que separou-se do mar azul
E morreu dissolvido para o agrado das bocas dos homens

domingo, 13 de março de 2011

Lições aprendidas em Barcelona a 23/12/2010

1) Anos e anos de prática foram necessários até que aquele homem aprendesse a fazer ressoar seu canto de dentro do buraco em que se meteu, encantando todos os de fora.

2) Igrejas de chocolate com cobertura de glacê.

3) Manter-se vivo é instintivo, apreciar a vida não é.

4) O gesto humilde que desaprendemos, ele nos reensinou:
- Olá, meu nome é Radjet e o seu? Como estás?
Por receio da arrogância alheia, acabamos sendo arrogantes primeiro. Um simples gesto instaurou naturalmente a conversa e o mal-estar que pairava sumiu-se de repente. Sim, foram palavras mágicas.

As Andorinhas - Cassiano Ricardo

Nos fios tensos Da pauta de metal

As Andorinhas GRITAM Por falta de uma clave


de sol

quarta-feira, 2 de março de 2011

Por que você precisa assistir esse video?

A música é tão simples como poderia ser, e ainda assim (ou por isso mesmo) perfeita

o menino tem uma pureza a que todos deveriam almejar

Mas o que não consigo deixar de pensar é que o cantor parece a versão Rastafari do Marcelo Camelo

Confira se estou mentindo:



Natal, 18/08/2009

Vou construir
Um difícil edifício
Tijolos recobertos com ambiguidade
Vigas que condenam a estrutura
Ao duro das coisas
Que não dançam

Um prédio, uma coisa, sem remédio
Mas assim, dúbio, será sim
Redentor, perdição, um trampolim
Da fachada sobre o nada ainda azul
Idéia meio coisa
Com gosto de pensamento

terça-feira, 1 de março de 2011

BATALHA DOS DESEJOS


Chega um momento em que já não se pode mais fugir. De nada, de ninguém, nem de si mesmo. A vida apresenta-se fulminante como um imperativo: tome posse. E vem já toda esfacelada, rica em cicatrizes e problemas insolúveis. E você repete seu costumeiro não, mas a urgência é grande. Perdido em um esconderijo qualquer de sua mente, você ouve o chamado insistente que perturba sua mais confortável evasão. Mas o que é que ela tanto quer? Que tem você a ver com tudo isso? Será que é só a Força em sua disparada adoidada? Quem é que lhe poderá achar um vestígio de coerência? E você ali parado em meio a tanta indecisão, já perdida a fé e o ceticismo, quer agir só pra ver o que acontece, quer sangrar só pra tingir o corpo de uma cor nova, que não seja o cinza envelhecido. Venha meu garoto, vá, não tenha medo. Há em seu peito uma semente regada a fogo, que não quer nada além de crescer, crescer até florir, florir e finalmente na morte achar a paz que você, ingênuo, cuidava achar em meio à batalha dos desejos.


Razão versus Caos

Vislumbrei hoje a imagem do homem sentado sobre uma rolha que tampa a cratera de um vulcão, suportando uma enorme pressão. A rolha representa a razão e a alegria, a ordem. A lava do vulcão que pressiona é a tristeza, o caos e, em última análise, a morte. Baseado nessa imagem compus um poema que me ajudou a superar o dia de hoje. Ei-lo:

O que é que há? Não há o que dizer, ãh? O enxame de palavras inúteis só fere a consciência. Pregos, abelhas, pressão, morcegos, atabalhoadamente, batem, não, clausura, amargo, noite, escurescer, fatal, fome, só, pó, olhos, perder, ceguissimamente, mais, mais, outro, outro, igual. Só resta então rir e chorar, dormir e acordar, comer e cagar. Mas não, não! Absurdo! É preciso falar:
Oh sorte que nos damos a nós próprios
Oxalá essas eternas geleiras enfim movam-se
Oh vulcões extintos, colossos de vida armazenada,
Jorrai sobre nós o vosso inferno, que uma vez mais
Seremos água, rios, tempestades a bailar com a luz do raio