
Chega um momento em que já não se pode mais fugir. De nada, de ninguém, nem de si mesmo. A vida apresenta-se fulminante como um imperativo: tome posse. E vem já toda esfacelada, rica em cicatrizes e problemas insolúveis. E você repete seu costumeiro não, mas a urgência é grande. Perdido em um esconderijo qualquer de sua mente, você ouve o chamado insistente que perturba sua mais confortável evasão. Mas o que é que ela tanto quer? Que tem você a ver com tudo isso? Será que é só a Força em sua disparada adoidada? Quem é que lhe poderá achar um vestígio de coerência? E você ali parado em meio a tanta indecisão, já perdida a fé e o ceticismo, quer agir só pra ver o que acontece, quer sangrar só pra tingir o corpo de uma cor nova, que não seja o cinza envelhecido. Venha meu garoto, vá, não tenha medo. Há em seu peito uma semente regada a fogo, que não quer nada além de crescer, crescer até florir, florir e finalmente na morte achar a paz que você, ingênuo, cuidava achar em meio à batalha dos desejos.
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