Não canso de me surpreender
Nem descanso sem achar razão.
Tanta beleza não há de ser em vão.
Tampouco o serão as mortes que morri.
A sorte que me fez mil vezes cair,
Inspire-me os erros q’inda hei de cometer.
Muitos atrevem-se a explicar,
Outros ocupam-se em não reparar.
Quem suportará um dia tão azul?
Com sol rodando n’alma sombria,
Girassol da Terra trespassando a linha,
E co’a dor estendida de norte a sul?
Estranha criatura esta que pergunta:
Por que é assim cheirosa a chuva?
É mesmo necessário, oh Sol – ao te pores
Que leves em teu calvário as minhas dores?
E as cores que esconde da noite a dama,
Serão uma aquarela que só a quem ama se revela?
Beleza ‘inda há de achar por esta Terra
Aquele que não erra embriagado de certeza,
Mas que tendo a alma desgraçada de poesia,
Dedique seus dias a uma procura sincera,
Que lhe incute no peito a chama d’Ironia
Ao enfado desta vida dar ainda mais beleza.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
A DEUSA DO CACHIMBO

A deusa do cachimbo
fuma.
calma...
A deusa do fumo
calma.
cachimba...
A deusa da calma
cachimba.
fuma...
E a tarde passa
durante a distância
ao longo do tempo
de seu cachimbo à boca
de sua boca ao vento.
E a tarde infinita passa
e os homens passam
e as dores, e as paixões
não passam.
E a deusa do cachimbo
(do alto de sua sabedoria)
fuma...
calma...
fuma.
calma...
A deusa do fumo
calma.
cachimba...
A deusa da calma
cachimba.
fuma...
E a tarde passa
durante a distância
ao longo do tempo
de seu cachimbo à boca
de sua boca ao vento.
E a tarde infinita passa
e os homens passam
e as dores, e as paixões
não passam.
E a deusa do cachimbo
(do alto de sua sabedoria)
fuma...
calma...
Restos do Infinito
Alma sem corpo
Tímido-prepotente
Corpo sem sexo
Tímido-pretenso
Se é silêncio vai sem calma
Tímido-pedante
Se é palavra vem sem nexo
Pedaço medroso
Entre droga e complexo
Covarde na cova se enterra
Por medo de errar se ferra
Não geme nem goza, nem bebe, nem cheira
À beira da beira da viagem
Do tédio à vida à margem da morte
Ao herói que se partiu
Fica o gesso por troféu
Resta o êxtase da estática
Neste menos que um sozinho
(Mais pedra que caminho)
Soberano sob o zero
Sóbrio zero da Antártica
Houve então uma explosão
Todos os corações do mundo bateram de uma vez
Ouvi, ouvi e por mais que ouvisse
Nenhum disse meu nome
E a esse som chamei solidão
Não que seja o mal necessário
Mas se o céu se vê sem asa quando
Do canário o vôo s’engaiola
De só poder cantar só canta
E olha lá se vai o mal do canto seu na
Asa de cantar o vôo que decola o céu.
Tímido-prepotente
Corpo sem sexo
Tímido-pretenso
Se é silêncio vai sem calma
Tímido-pedante
Se é palavra vem sem nexo
Pedaço medroso
Entre droga e complexo
Covarde na cova se enterra
Por medo de errar se ferra
Não geme nem goza, nem bebe, nem cheira
À beira da beira da viagem
Do tédio à vida à margem da morte
Ao herói que se partiu
Fica o gesso por troféu
Resta o êxtase da estática
Neste menos que um sozinho
(Mais pedra que caminho)
Soberano sob o zero
Sóbrio zero da Antártica
Houve então uma explosão
Todos os corações do mundo bateram de uma vez
Ouvi, ouvi e por mais que ouvisse
Nenhum disse meu nome
E a esse som chamei solidão
Não que seja o mal necessário
Mas se o céu se vê sem asa quando
Do canário o vôo s’engaiola
De só poder cantar só canta
E olha lá se vai o mal do canto seu na
Asa de cantar o vôo que decola o céu.
DESENCONTRO
- Bom dia!
- Bom dia!
- Como vai?
- Tudo bem!
- E você?
- Tudo bem!
- Quente, ãh?
- Ô, muito!
- Até logo!
- Tchau, tchau!
Ufa, 23 andares de solidão...
- Bom dia!
Puta merda!
- Como vai?
Socorro, socorro!
Quero sumir!
- Tudo bem!
- Quente, ãh?
Ta chegando?
- Até logo!
Que alívio...
Renda fixa?
- Bom dia!
Dólar comercial?
- Tudo bem!
- E você?
Mercado imobiliário?
Títulos públicos?
- Ô, muito!
Ações escriturais?
- Tchau, tchau!
Ufa, 23 andares de solidão...
- Bom dia!
- Como vai?
- Tudo bem!
- E você?
- Tudo bem!
- Quente, ãh?
- Ô, muito!
- Até logo!
- Tchau, tchau!
Ufa, 23 andares de solidão...
- Bom dia!
Puta merda!
- Como vai?
Socorro, socorro!
Quero sumir!
- Tudo bem!
- Quente, ãh?
Ta chegando?
- Até logo!
Que alívio...
Renda fixa?
- Bom dia!
Dólar comercial?
- Tudo bem!
- E você?
Mercado imobiliário?
Títulos públicos?
- Ô, muito!
Ações escriturais?
- Tchau, tchau!
Ufa, 23 andares de solidão...

If your world is floating and round
And your colors spring out from the eye
There is no such a thing as ground
You can not be that far from the sky
What if a party took place
Leaving behind a smell of cheers
At the very spot where dwells your disgrace
Then, would you miss the taste of your tears?
Doesn’t it make you feel free?
To be the son of the mystery
Which has no need to be solved
Find it out by yourself, but for me,
And your colors spring out from the eye
There is no such a thing as ground
You can not be that far from the sky
What if a party took place
Leaving behind a smell of cheers
At the very spot where dwells your disgrace
Then, would you miss the taste of your tears?
Doesn’t it make you feel free?
To be the son of the mystery
Which has no need to be solved
Find it out by yourself, but for me,
I would trade a whole chapter in History
For a verse in the Book of the Souls.
A Síntese de Nossos Dias
Já estuprados pela tese
E pela antítese
Agora é hora de espera
Nossas cabeças são úteros
Na maioria estéreis
E é aí que mora o desespero
Por medo de sermos ridículos
Nos tornamos ridículos
É melhor frisar:
Ridículos!
O prozac nosso de cada dia
O povo que boceja ao meio-dia
É por amor a vocês, cretinos
Que preparo esta insólita criança
Sei lá!
Bebês falando sua primeira palavra pelo celular:
- Alô?
A ferida inchou tanto
Que tapou o buraco
Por onde deveríamos triunfantes
Cagar a síntese de nossos dias.
Perdoem-me doutores
Pelo verso corrido
Assim como vos perdôo
Pelo cartão batido.
E pela antítese
Agora é hora de espera
Nossas cabeças são úteros
Na maioria estéreis
E é aí que mora o desespero
Por medo de sermos ridículos
Nos tornamos ridículos
É melhor frisar:
Ridículos!
O prozac nosso de cada dia
O povo que boceja ao meio-dia
É por amor a vocês, cretinos
Que preparo esta insólita criança
Sei lá!
Bebês falando sua primeira palavra pelo celular:
- Alô?
A ferida inchou tanto
Que tapou o buraco
Por onde deveríamos triunfantes
Cagar a síntese de nossos dias.
Perdoem-me doutores
Pelo verso corrido
Assim como vos perdôo
Pelo cartão batido.
POEMA DA VIDA
Caminhar...
sem esperança,
sem desespero,
sem resignação.
Simplesmente caminhar...
Imitar os ponteiros, calendários,
ondas do mar, o giro do sol.
Buscar atenta e obstinadamente,
buscar, sem saber o quê...
Levar consigo o amor,
a certeza do fim
e nada mais...
Deixar a beleza do ser
aos que ainda serão...
Pois o poema nunca termina...
sem esperança,
sem desespero,
sem resignação.
Simplesmente caminhar...
Imitar os ponteiros, calendários,
ondas do mar, o giro do sol.
Buscar atenta e obstinadamente,
buscar, sem saber o quê...
Levar consigo o amor,
a certeza do fim
e nada mais...
Deixar a beleza do ser
aos que ainda serão...
Pois o poema nunca termina...
Poesia de Cego
Está em tudo o que se queira
que seja
Nas calçadas, nas risadas,
na cerveja.
No canto do galo
Pela manhã que escorre
sorrateira. À margem da hora perpétua
e passageira.
No choro do homem
que resolve abrir suas janelas
para a vida e morte nossa
de cada dia.
Na cruz que perdura
o Jesus-amargura
gritando seu abandono
no silêncio do quarto.
Oculta e indiferente
Voa com as borboletas
e pousa nas violetas
E passa
como um cometa que passa
eternamente.
01\03\06
que seja
Nas calçadas, nas risadas,
na cerveja.
No canto do galo
Pela manhã que escorre
sorrateira. À margem da hora perpétua
e passageira.
No choro do homem
que resolve abrir suas janelas
para a vida e morte nossa
de cada dia.
Na cruz que perdura
o Jesus-amargura
gritando seu abandono
no silêncio do quarto.
Oculta e indiferente
Voa com as borboletas
e pousa nas violetas
E passa
como um cometa que passa
eternamente.
01\03\06
O troco
Divagando...
Sobre a vida...
Devagar...
Quase parando...
Quem sabe...
Um dia...
Convenço-a...
A parar...
Pra me ouvir...
Em toda a obstinação...
Da minha calma...
Sobre a vida...
Devagar...
Quase parando...
Quem sabe...
Um dia...
Convenço-a...
A parar...
Pra me ouvir...
Em toda a obstinação...
Da minha calma...
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